quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Em volta de Rilke

Não conheces torres, tu, que feneces
Mas vais descobrir uma agora
No fabuloso espaço que aflora
em ti. Fecha como numa prece
o rosto. Foste tu a levantá-la
sem dares por olhares e acenos de mão.
De súbito, é a plena perfeição,
e eu, homem feliz posso habitá-la.
Ah, lá dentro é como um abraço!
Leva-me à cúpula com os teus afagos:
a ver se em noites mansas lanço
com o ímpeto que põe ventres em fogo
mais sentimentos do que eu próprio alcanço.

Rainer Maria Rilke