Orgia de Pasolini (1)
1. «Orgia», o primeiro texto para teatro de Pier Paolo Pasolini, foi escrito entre 1965 e 1968. Segundo o próprio autor, o texto final é resultado de três versões para uma «dupla tragédia». A primeira versão, escrita na Primavera de 1965, durante a convalescença de doença prolongada do autor, consistia numa espécie de manifesto daquilo que o próprio denominaria de «teatro da palavra» em reacção à linguagem «que exprime a realidade através da realidade» (ou «língua escrita de acção») do cinema. Nesta versão, Pasolini, sublinha que a tragédia «consistia pura e simplesmente numa relação sadomasoquista entre um homem e uma mulher», meramente existencialista.
Numa segunda versão, Pasolini subverteu essa atitude de reacção e transportou para «Orgia» as suas próprias teorias acerca do cinema sobre a «acção como linguagem». A peça adquiria uma segunda tragédia, desta vez linguística, que abandona a sua «origem puramente existencial» e a conjuga numa «comunicação sexual» que surge como parte de uma «linguagem primária ou da presença física». Ou seja, «Orgia» passa de exercício formal da palavra para um plano mais corpóreo, mais próximo de uma linguagem cinematográfica (visual, e consequentemente física).
É precisamente esta dupla tragédia, a versão final de «Orgia», que regressa agora ao palco, trinta anos depois da morte de Pier Paolo Pasolini, numa encenação de João Grosso para o Teatro Nacional D. Maria II, interpretada pelo próprio encenador e por Luísa Cruz e Kjersti Kaasa. Um exercício de representação complexo, violento e extremamente corporal fazendo justiça à dialéctica «teatro da palavra»/«negação da palavra», que recupera um dos autores incontornáveis da segunda metade do século XX, mais conhecido pela sua obra cinematográfica, obra essa de cariz experimental, provocatório e acutilantemente crítica do fenómeno social, político e religioso (infelizmente, e em DVD, estão editados no mercado português apenas os três títulos d´A Trilogia da Vida e o derradeiro «Salo ou Os 120 Dias de Sodoma», em edição da Costa do Castelo).
«Orgia» com encenação de João Grosso, repôs ontem no Teatro Nacional D. Maria II, prolongando-se as exibições até 19 de Fevereiro.
Numa segunda versão, Pasolini subverteu essa atitude de reacção e transportou para «Orgia» as suas próprias teorias acerca do cinema sobre a «acção como linguagem». A peça adquiria uma segunda tragédia, desta vez linguística, que abandona a sua «origem puramente existencial» e a conjuga numa «comunicação sexual» que surge como parte de uma «linguagem primária ou da presença física». Ou seja, «Orgia» passa de exercício formal da palavra para um plano mais corpóreo, mais próximo de uma linguagem cinematográfica (visual, e consequentemente física).
É precisamente esta dupla tragédia, a versão final de «Orgia», que regressa agora ao palco, trinta anos depois da morte de Pier Paolo Pasolini, numa encenação de João Grosso para o Teatro Nacional D. Maria II, interpretada pelo próprio encenador e por Luísa Cruz e Kjersti Kaasa. Um exercício de representação complexo, violento e extremamente corporal fazendo justiça à dialéctica «teatro da palavra»/«negação da palavra», que recupera um dos autores incontornáveis da segunda metade do século XX, mais conhecido pela sua obra cinematográfica, obra essa de cariz experimental, provocatório e acutilantemente crítica do fenómeno social, político e religioso (infelizmente, e em DVD, estão editados no mercado português apenas os três títulos d´A Trilogia da Vida e o derradeiro «Salo ou Os 120 Dias de Sodoma», em edição da Costa do Castelo).
«Orgia» com encenação de João Grosso, repôs ontem no Teatro Nacional D. Maria II, prolongando-se as exibições até 19 de Fevereiro.
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