sábado, março 18, 2006

20 Anos depois de Borges (4)

A Luís de Camões (1960)
Sem cólera nem mágoa arromba o tempo
As heróicas espadas. Pobre e Triste,
À nostálgica pátria regrediste
Pra com ela morrer nesse momento,
O capitão, no mágico deserto.
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da derradeira
Margem compreendeste humildemente
Que o império perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mudança) em tua Eneida lusitana.
Jorge Luis Borges