sexta-feira, julho 28, 2006

Terrorismo Total

Como se eles fossem
os meus irmãos, os meus filhos,
os meus amigos. Como se aquela fosse a minha casa,
o meu chão, os meus livros.

Como se este fosse o meu País.
Enquanto cidadão do Mundo,
eu sou Libanês!!!

segunda-feira, junho 19, 2006

Patriotismo


ou NACIONAL FOLEIRISMO?
A imagem provém do blog AZELHAS DO MAR.
Desculpem o uso, mas adaptava-se que nem uma bandeira a
uma janela portuguesa, com certeza!
(até porque tem cheiro a "manjerico"...)

quinta-feira, junho 01, 2006

Crianças Invisíveis

sexta-feira, maio 12, 2006

Kissinger, por Zeca Afonso

Os Fantoches de Kissinger

Em toda parte baqueia
A muralha imperialista
Na ponta duma espingarda
Os povos da Indochina
Varrem da terra sangrenta
Os fantoches de Kissinger
Mas aqui também semeias
No pátio da tua fábrica
No largo da tua aldeia
A fome, a prostituição
São filhas da mesma besta
Que Kissinger tem na mão
Valor à Mulher Primeira
Na luta que nos espera
Só não há vida possível
Na liberdade comprada
Na liberdade vendida
A morte é mais desejada
A NATO não chega a netos
Abaixo o hidrovião
Na ponta duma espingarda
O Povo da Palestina

Mandou a Golda Meir
Uma mensagem divina
Da CIA não tenhas pena
Tem carne viva nas garras
É a pomba de Kissinger
Toda a América Latina
Se lembra das suas farras
A mesma tropa domina
A mesma tropa domina
Só um é embaixador
Mas nada nos abalança
A dormir sobre a calçada
Faz como o trabalhador
Dorme sobre a tua enxada
Faz como o atirador
Dorme sobre a espingarda

quinta-feira, maio 11, 2006

Um Tango

Tentado pela Argentina, «indomable mujer».
Acercado pelo tango, por Gardel no «fervor de Buenos Aires».
E ouvindo incessantemente «Por Una Cabeza»

Por una cabeza de un noble potrillo
que justo en la raya afloja al llegar
y que al regresar parece decir:
no olvides, hermano,
vos sabes, no hay que jugar...
Por una cabeza, metejon de un dia,

de aquella coqueta y risueña mujer
que al jurar sonriendo, el amor que esta mintiendo
quema en una hoguera todo mi querer.
Por una cabeza todas las locuras

su boca que besa borra la tristeza,
calma la amargura.
Por una cabeza si ella me olvida

que importa perderme,
mil veces la vida para que vivir...
Cuantos desengaños, por una cabeza,

yo jure mil veces no vuelvo a insistir
pero si un mirar me hiere al pasar,
su boca de fuego, otra vez, quiero besar.
Basta de carreras, se acabo la timba,

un final reñido yo no vuelvo a ver,
pero si algun pingo llega a ser fija el domingo,
yo me juego entero, que le voy a hacer.

Carlos Gardel/Alfredo Le Pera

quinta-feira, maio 04, 2006

20 Anos Depois de Borges (5)

IMEDIAÇÕES (1923)

Os pátios e a sua antiga certeza,
os pátios cimentados
na terra e no céu.
As janelas com grades
de onde a rua se torna
familiar como um candeeiro.
As alcovas profundas
onde arde o mogno em tranquila chama
e o espelho de ténues resplendores
é como um remanso na sombra.
As encruzilhadas escuras
que projectam quatro infinitas distâncias
em arredores de silêncio.
Nomeei os lugares
Onde a ternura alastra
E estou só e comigo.
Jorge Luis Borges

quinta-feira, abril 13, 2006

Beckett

Nascido no seio de uma família protestante, na Irlanda ultra-conservadora do início do século XX, Samuel Barclay Beckett só começou a definir o seu percurso quando aceitou, aos 22 anos, o cargo de leitor de inglês na École Normale Supérieure, em Paris.
Admirador e amigo de James Joyce, a cujo círculo pertencia, escreveu na língua materna os primeiros livros importantes: More Pricks Than Kicks (1934) e Murphy (1938). Contudo, após a II Grande Guerra, durante a qual militou nas fileiras da Resistência (o que lhe valeu uma condecoração por "coragem extrema"), houve como que uma mudança de paradigma na sua concepção de literatura. Cada vez mais preocupado com questões de linguagem, decide enveredar pela escrita em língua francesa, assumindo um bilinguismo (com traduções em ambos os sentidos) que nunca mais abandonaria.A trilogia de romances que publica no início dos anos 50 - Molloy (1951), Malone Está a Morrer (1951) e O Inominável (1953) - impõe-no de imediato como um autor maior, apesar das sucessivas recusas que as grandes editoras parisienses reservaram aos três manuscritos. Atento e deslumbrado, foi Jérôme Lindon quem acabou por publicá-los na sua Éditions de Minuit, a que Beckett se manteria fiel até ao fim da vida. A amizade entre estes dois homens tornar-se-ia, por si só, uma lenda. Durante várias décadas, Jérôme foi o canal de comunicação entre o mundo e Beckett - o recluso voluntário, avesso à exposição pública, às entrevistas e a todos os outros custos da fama. Quando lhe atribuíram o Nobel, foi Lindon que Beckett enviou a Estocolmo, para receber o Prémio. E foi também ao amigo que coube anunciar a sua morte, vinte anos mais tarde, em Dezembro de 1989.
Depois de ter revolucionado as formas teatrais, com À Espera de Godot (1953), Beckett prosseguiu o seu melancólico voo picado sobre a condição humana e a "tragédia de ter nascido", em obras de escrita minimalista onde cabe todo o desespero e toda a derrisão (veja-se por exemplo Os Dias Felizes, de 1961). Nas décadas de 70 e 80, à medida que envelhecia, foi escrevendo cada vez menos e com maior dificuldade. Algumas das peças finais duram apenas breves minutos (ou segundos) e nelas assiste-se a uma progressiva rarefacção das palavras, descritas um dia como a "mancha desnecessária sobre o silêncio e o nada".Gonçalo M. Tavares, autor de um texto teatral intitulado A Colher de Samuel Beckett, destaca no dramaturgo irlandês "o estilo sincopado, feito de frases travadas por algo que lhes é exterior". Quando as interrupções acontecem, abrem-se "espaços que forçam o leitor a completar os intervalos em branco, os vazios" e é nesse jogo literário que se cumpre o projecto beckettiano.Cinco anos antes de morrer, na última novela publicada - Pioravante Marche (Worstward Ho) -, Beckett escreveu três frases que resumem tudo: "Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor." Três frases que foram, de certa forma, uma divisa, um lema, a fixação exacta da ética que praticou enquanto escritor. Três frases que podiam ser o seu epitáfio, se houvesse epitáfio na lápide do cemitério de Montparnasse, em Paris. Mas não há.
Texto transcrito: diário de notícias (on line)

quinta-feira, abril 06, 2006

Para ti, O Mundo

Vieste num dia assim. Há quatro anos atrás. Também chovia nessa primavera pálida que te viu chegar.
Mudaste a minha vida.
Coloriste-a.
Todos os dias, ensinas-me a rir e a chorar de um novo modo. Todos os dias me alimentas a alma. Todos os dias me deleito com o teu riso, com o teu crescimento.
Foste e serás a minha revolução permanente. A continuidade dos meus sonhos. A minha continuidade. Amo-te mais que a vida.
Amo-te, minha filha.
Parabéns.

terça-feira, março 28, 2006

Porque há que...

...Violentar o Sistema!
NOite CerrADA

O sol pôs-se devagar. Foi num momento de hiato dos ruídos e dos vultos que só na aparência estão iluminados. De dia, assim parecem. Na penumbra, as suas formas são cognoscíveis, perceptíveis da sua própria identidade. Sabem sem saber que vivem na noite cerrada, para lá da luz intensa que, julgam os pobres, os ilumina. Sabem que é tudo uma questão de tempo, que a morte espreita para além de uma noite ou de um dia. Noite cerrada, a que vivemos, como se fosse a ilusão do sol que nos guia para lado nenhum. Pode ser que um dia acorde o espaço e o tempo, surja o sol e morra a lua destas vistas extenuadas pelos ritmos e os compassos sem pausa das vidas estupidamente sofisticadas e modernas que por aqui (onde?) pairam. Na noite cerrada, sem dia. Venha o dia, parta a noite lálálálá; trauteando a canção caminha a turba no escuro. Apalpa no bolso as notas de euro, garante que tem o cartão visa bem resguardado entre o corpo perfumado e a roupa importada. Nada falha na penumbra iluminada. (Silêncio).................................... – murmuro: Quero o que todos querem............ Uma pausa! Mas não, o mundo não pára. Canta a mulher que perdeu os filhos na noite cerrada: Venha o dia parta a noite lálálálá. Trauteiam agora, todos mesmo todos, a canção. Bem alto, marialvas de shopping center e imitadores do mundo novo. A chave do Mercedes no bolso do senhor que até é doutor, ou talvez engenheiro, ou quiçá arquitecto de profissão. Mas que bem estamos na vida! Não me lembro quem sou ou o que faço aqui, quem tenho, quem amei ou quem me ama, se ainda somos passíveis de amar... Pobre homem, tão rico com a boca a saber a cona oxigenada de secretária que tem de ganhar a vida. Pobre homem rico que subjuga, que aldraba, que maltrata, que oprime... QUE É CEGO! Pois bem, a excelência nada vê ou não quer ver, que se dane, esse títere de merda. Hás-de pagá-las quando o teu carro explodir ou quando apanhares sida ou outra merda qualquer. Que se fodam todos. A mim não me exploram mais, não me voltam a enrabar que eu não deixo... Liberdade! Liberdade! Caí a lágrima devagar. Não se vê, tudo é escuro, treva, tudo oculto na penumbra. Vida real. Noite cerrada. Sem luar, sem hollywood, sem ponta por onde pegar.
Trauteando lálálálá venha o dia parta a noite lálálálá. Move a turba, move a turba.

sábado, março 18, 2006

20 Anos depois de Borges (4)

A Luís de Camões (1960)
Sem cólera nem mágoa arromba o tempo
As heróicas espadas. Pobre e Triste,
À nostálgica pátria regrediste
Pra com ela morrer nesse momento,
O capitão, no mágico deserto.
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da derradeira
Margem compreendeste humildemente
Que o império perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mudança) em tua Eneida lusitana.
Jorge Luis Borges

segunda-feira, março 13, 2006

Frida Kahlo

Imperdível! No Centro Cultural de Belém até 21 de Maio de 2006.

quarta-feira, março 08, 2006

Todos Os Dias

Porque as mulheres sempre foram, e serão, as protagonistas do filme da minha vida.

terça-feira, março 07, 2006

20 Anos depois de Borges (3)

O LABIRINTO (1984)

É este o labirinto de Creta. É este o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro. É este o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja pedra se perdem tantas gerações. É este o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja pedra se perdem tantas gerações, como Maria Kodama e eu nos perdemos. É este o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja pedra se perdem tantas gerações, como Maria Kodema e eu nos perdemos naquela manhã e continuamos perdidos no tempo, esse outro labirinto.
Jorge Luis Borges

domingo, março 05, 2006

A Linguagem dos Amantes

Que língua falam os amantes,
que não consigo entender.
A linguagem dos corpos sobre a cama,
nessa nave imensa dos desejos, dos prazeres, dos sussurros e dos silêncios
da linguagem táctil dos amantes.

Estou frio,
tão surdo e confuso, que o som me trespassa
como um punhal perfurante num corpo embriagado.
Gravo no meu cérebro as dúvidas imensas do momento,
do tempo e da incerteza, da dúvida ou da regra que é lei natural.

Que língua falo eu como amante,
que não consigo entender.
Enlaço-me contigo na cama, penetro o teu corpo,
Envolvo-me no contacto das nossas peles,
e pergunto-me porque códigos se tece a linguagem dos amantes.

Estou quente,
quase febril, e com os sentidos alerta, eis que surge uma nova dor.
A dor de tanto amar e de tanto desejar que o momento não cesse.
E dentro de mim, escondo o teu cheiro e aquilo que decifrei
do código que tece a linguagem dos amantes.

1998

quinta-feira, março 02, 2006

My Wild Love

Deu-me a nostalgia, a vontade de recuar e viajar pelos tempos das dunas abandonadas em tardes solarengas de inverno. Senti a vertigem de lá voltar... E, vezes sem conta, pus a tocar «My Wild Love».

My wild love went riding, she rode all the day
She rode to the devil, and asked him to pay.
The devil was wiser, it´s time to repent
He asked her to give back the money he spent.
My wild love went riding, she rode to the sea
She gathered together some shells for her hair.
She rode on to Christmas, she rode to the farm
She rode to Japan and re-entered a town.
My wild love is crazy, she screams like a bird
She moans like a cat when she wants to be heard.
Jim Morrison (1969)